Lab Negras Narrativas

Bem-vinde ao Lab Negras Narrativas 2023

Há um pataki yorubá em que um Obá (Rei) chamado Laro caminha pela terra em busca de um lugar no qual assentar seu povo. Muito tempo se passa, e muita terra se anda, até que Laro, já cansado de sua busca, encontra uma floresta onde um rio jorrava água boa, água ininterrupta. Felizes pela descoberta e já assentados, o povo de Laro se surpreende quando a filha do Obá, ao descer para se banhar nas águas do rio, desaparece de forma súbita. 

Ao retornar graciosamente vestida e cheia de adornos, a filha de Laro disse a todos que havia sido recebida pela doce divindade do rio, Oxum. 

Laro então preparou uma oferenda em agradecimento à generosidade de Oxum e a levou ao rio. Peixes vinham ao seu encontro e comiam a oferta diretamente da mão do grande Obá. No meio do cardume que se refestelava, um imenso peixe se aproxima da margem e cospe água, a qual Laro recolhe numa cabaça, fazendo um pacto de aliança com o rio. 

O Obá então declarou: “Oshun gbô”, Oxum encontra-se em estado de maturidade, suas águas serão sempre abundantes. 

Abundância, valor tão caro ao povo preto brasileiro, é o principal anúncio da edição 2023 do Lab Negras Narrativas. Há 7 anos caminhando e assentando as narrativas do cinema preto em novas iconografias, o LNN renova seu pacto por mais um ciclo. Nesta edição, o laboratório composto por três etapas que incluem encontros de reflexão do pensamento negro nas artes, masterclass, workshops nacionais e internacionais e consultorias especializadas, culmina em vivência na Nigéria, posicionando o LNN como um espaço importante na internacionalização das carreiras, bem como uma nova via no diálogo transnacional entre o cinema diaspórico brasileiro e a produção africana. 

Serão aceitos projetos ficcionais em desenvolvimento, nos formatos curta, longa e narrativa seriada. Durante o trajeto, direção, roteiro e produção – a tríade criativa do cinema – serão apresentadas em circularidade, como facetas indissociáveis de um mesmo caminho. O objetivo da roda é criar um espaço de intimidade entre o LNN, as tutorias, os projetos e seus desenvolvedores, com o intuito de celebrar as pluralidades do cinema preto no país. Para que os filmes encontrem uma atmosfera fértil, o LNN ainda oferece bolsas de apoio financeiro para dedicação das pessoas realizadoras, aulas de línguas, assim como acolhimento psicológico e de outras terapias integrativas durante o curso. 

A edição deste ano acontece logo após uma significativa passagem do Lab em águas nortistas, durante a realização do Lab Negras Narrativas Amazônicas em Belém do Pará. O LNNA foi uma iniciativa que buscou descentralizar e ampliar as ações da APAN (Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro), ao percebermos em 2020, que dos 256 projetos inscritos para participar da seleção, apenas 03 eram da região Norte. Fortalecendo os espaços de fomento ao cinema afroindígena, o Norte do Brasil gestou um novo cenário para o laboratório, nos conduzindo a um espaço profícuo de maior diversidade territorial. 

Em busca de um cinema que só as lentes negras podem produzir, o Lab Negras Narrativas recebe realizadores de todo o país para desenvolverem não só seus projetos criativos, mas para alavancarem suas carreiras nas águas abundantes do seu novo ciclo. 

Ora Yê Yê Ô!
Equipe Lab Negras Narrativas 2023

Regulamento

Tim-tim por tim-tim

Projetos Selecionados LNN 2023

CURTAS
Celas Esquecidas- Bianca Façanha (AP)
Enigmas (Adojuru ) –  Wes Oliveira (PI) e Leonardo Mendes (PI)
Nas Ondas do Rádio – lu peixe (PA) e Tayana Pinheiro (PA)
Para Ver o Futuro – Keila Sankofa (AM) e Sarah Pimentel (AM)
O Quarto de Giovanna – Victoria Negreiros (SP)

LONGAS
Cajado Filho – O Homem que Inventou a Chanchada – George Ferreira (RJ) e Sombra Ribeiro (PA)
Nala e os Comodoros – Raquel Terto (RJ) e Thainá Pitta (BA)
Olho d’Água – Safira Moreira (BA) e Flavia Santana (BA)
Perto da Meia-Noite – Maick Hannder (MG) e Jacson Dias (MG)
Pluma – Rosy Nascimento (RN)
Só mais uma mãe – Letícia Simões (PE) e Thiago Macêdo Correia (MG)
Um Filme sobre Nós – Edileuza Penha de Souza (DF) e Simone Mota (RJ)

NARRATIVAS SERIADAS
Brolli & Nina – Gabriel Nunes (SC) e Luíza Nunes (SC)
Fissura – Diego Paulino (SP) e Vic Casé (SP)
Mares – Matheuzza (BA)
Mundo Mali – Cipriano (RJ) e Nathalia Grilo (RJ)

PROJETO CONVIDADO
O Segredo de Sikán – Everlane Moraes (BA) e Fernanda Vidigal (MG)  

PROJETOS SUPLENTES – ordem alfabética
Água Mole, Pedra Dura – Gustavo Oliveira  (RS)
As Viagens de Ayo – Jafari Akin (BA)
Já Jantou? – Gabrielly Pascoal (SP) e Éderson Silva (SP)
Noite Laranja – Ayla de Oliveira (PE) e Júlia Machado (PE)
O Fundo do Mar Vermelho – Thiago Almasy (BA)
Transmachine – Guilherme Jardim (MG) e Tépha Nascimento (MG)

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